quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Comunicação corporativa – Relatórios para o público interno e externo - Parte IV

Para muitos gráficos, o conteúdo de informação é bastante baixo, como temos mostrado no último capítulo da série. Esta parte trata da representação do curso de tempo, pois o tratamento dos eixos de séries de números em gráficos e tabelas não é uniforme, como vai mostrar a análise de uma série de outros relatórios anuais.


O curso de tempo como ponto de discórdia


No conceito de notação de Rolf Hichert foi formulada a regra de que tanto em tabelas como nos gráficos o curso de tempo deve ser apresentado de forma consistente da esquerda para a direita. Este aspecto não pode ser observado na maioria dos relatórios anuais analisados. Muitos mostram tabelas com o ano atual e logo ao lado direito o ano anterior, invertendo a direção. É ainda mais preocupante quando tal tabela é enriquecida com um diagrama com a linha do tempo oposto.


Fig. 1: Mistura da linha de tempo em gráfico e tabela. (Fonte: BrasilFoods, Relatório Anual 2012, pág. 37)

Essas representações são difíceis de ler porque a sintonização dos dados com a direção da leitura complica as associações certas.
Ou como no caso do relatório do Itaú Unibanco onde o gráfico da página 55 segue na direção certa enquanto na página 85 aparece invertido.


Fig. 2: O segmento da pizza representa que ano? Azul 2011, Laranja 2010.... (Fonte: Itaú Unibanco, Relatório Anual 2012, pág.55)


Fig. 3: Além da inversão da linha de tempo podemos observar a questão de redundância, escolha de gráfico e cores entre outras. (Fonte: Itaú Unibanco, Relatório Anual 2012, pág.85)

Caso como este mostra, que não se segue na elaboração de um conceito de notação.
Outro bom exemplo vem do relatório da Embraer onde podemos observar uma consistência no direcionamento, so que com os eixos do tempo invertido tanto em gráficos como nas tabelas.



Fig. 4: Linha de tempo seguindo a mesma direção no gráfico e tabela, porém no sentido invertido. (Fonte:Embraer, Relatório Anual 2011, pág. 107 e 77)

O que também ultimamente pode ser observado é o uso do eixo Y como linha do tempo. No conceito de notação a sugestão é usar o eixo Y para apresentação de estruturas e o eixo X para períodos (regra 4.3.2 - CHECK), contrariando estas sugestões o designer deve uniformizar as direções da linha do tempo tanto na tabela quanto no gráfico e não como no exemplo da Cemig uma vez em ordem crescente na tabela e no gráfico em ordem decrescente.


Fig. 5: Uma nova, porém questionável tendência de posicionamento da linha de tempo em tabelas. (Fonte: Cemig, Relatório Anual 2011, pág. 91)


Fig. 6: A mesma tendência de posicionamento da linha de tempo pode ser observada também nos gráficos. (Fonte: Cemig, Relatório Anual 2011, pág. 91)

Outro exemplo é da Redecard, que optou pela versão crescente e invertindo os aspectos de estrutura com tempo. Outra inconsistencia encontrada aqui trata do escalonamento. O valor de Credit cards de 2011 de 386,5 billion R$ difere pouco em altura do valor do Industry revenue de 2011 de 670,1 billion R$. Outra falha grave é o uso das cores. A colocação transmite a impressão que em 2009 só tivesse tido um Industry revenue com Credit cards, em 20110 só com Debit cards e em 2011 só com Private label cards.



Fig.7: Um gráfico cheio de desafios…. (Fonte: Redecard, Sustainability Annual Report 2011, pág. 36)

Enfim, o que pode ser observado em todos estes exemplos é a falta de adesão a um padrão de visualização.


Os gráficos são geralmente representados corretamente


Apesar de algumas exceções já citadas, a maior parte dos relatórios de negócio mostra a evolução do tempo nos diagramas corretamente como podemos ver por exemplo nos relatórios anuais da Cemig entre outras.  





Fig. 8: Gráficos com linha de tempo na direção certa. (Fonte: Cemig, Relatório Anual 2012, pág.76)


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